PARTE 13
13- Uma Escolha Dois Caminho
Inevitavelmente o mundo que eu conhecia mudou o sorriso das pessoas a luz do sol o cheiro no ar. Tudo mudou de tal maneira que não consigo explicar. Um aperto no peito me sufoca a respiração e um desespero incomum toma conta de mim. Não foi nem será fácil para a maioria das pessoas que vivem aqui, mas para mim é ainda mais angustiante e tenebroso. Medo... Talvez essa seja a sensação que sinto agora, que sinto desde o dia em que acordei na velha cabana, na colina das almas. Depois de tudo pelo que tenho passado pergunto-me se realmente valeu a pena, ou se foi apenas egoísmo de minha parte, pois afinal os mortos devem descansar, mas eu fiz oque ninguém mais poderia ter feito. E por um instante sinto-me arrependido de tudo.
–
talvez esteja confuso jovem Enelac, mas saiba que todo ser vivo tem seu destino
traçado pelos deuses, e eles brincam com todos os mortais, e quem sabe até
mesmo com os imortais. – Pymatu disse de forma melancólica.
O
demônio não tinha o aspecto anterior, sua aparência era mais humana e menos
grotesca que antes, outros que passavam ao lado podiam velo, me fazendo crer
ainda mais que aquilo nunca fora uma loucura de minha cabeça. Ali estávamos
diante do lago do parque de foggy city, rodeados por arvores e residentes com cachorros
em coleiras. Alguns apenas andando outros caminhando, observando um sol que
irradiava entre nuvens, e sentido o frio gelado do final do inverno. Procurava
em minha mente não estar ligado a nada disso, mas as escolhas foram feitas e
decisões foram tomadas. Algumas das quais não tenho agora como fugir.
–
aceita? – Pymatu me oferece pipoca.
–
não sabia que demônios comiam? – concluo com ironia.
–
não comemos, é claro! Mas é mais como um passo tempo, e ajuda em nossa
interação com os mortais.
–
assim como fazem com o sexo? Nem se quer sentem prazer creio eu, demônio
Pymatu.
Um
brilho cintilante correu pela face de Pymatu, enquanto comia mais uma pipoca.
Observava as pessoas que caminhavam pelo parque de uma forma serena.
–
são todos como criança jovem Enelac, cada um de vocês.
–
me pergunto há quanto tempo vocês existem?– interrompo.
Pymatu
olhou friamente para o céu como que vendo além das nuvens cinza que cobriam
foggy city. Sua expressão não era tão assustadora e grotesca como antes, nem me
sentia aterrorizado por estar ali tão próximo de um demônio.
–
sou um original, existo a mais tempo do que você poderia conceber em sua mente
mortal jovem eny. – lançou o pacote de pipoca ao chão, – agora falemos sobre o
padre e sobre oque descobriu de importante para nós.
A
grande verdade que não devemos esquecer nunca. No jogo das trevas somos os
peões e se não formos fortes o bastante seremos lançados de um lado para o
outro sem ter a certeza de chegar a lugar nenhum, e quando somos joguete das
trevas, as trevas jogarão com sua alma e com a sua mente. Tudo se trata disso.
–
tudo se trata do que vocês querem, – falei em voz alta.
–
descobriu onde esta o querubim da arca? – insistiu o demônio de forma enérgica.
Minha
mente vaga novamente por entre as sombras da duvida, e vem a minha tela mental
imagens de tempos felizes, onde o sorriso daqueles a quem amo, se pareciam com
o brilho do sol a iluminar a alma.
–
Raseck me deu uma escolha, eu tenho duas direções a tomar, e ambas me levam a
morte Pymatu. Ambas as escolhas que tanto o homem obscuro quanto o padre me
deram, me levam a um mar de sombras que consumira minha vida e minha alma.
–
garanto que se cumprir nossos objetivos, pouparemos sua vida. – Pymatu, soou
melodioso, uma melodia fascinante, que envolveu a mente e o espirito, por
alguns instantes.
“um encantamento”
Existem
duas formas de se crescer como ser humano e como espirito um caminho duas
direções que nos fazem evoluir, uma delas é o amor com o qual a divindade se
manifesta em nosso dia- a- dia em nossa vida. A outra é a dor causada por
nossas ações egoístas e impensadas. Essa segunda nos torna forte, implacáveis e
duros como as rochas, crescemos de tal forma que não somos mais como crianças,
mas nossos sentidos aguçam e nossa força aumenta, nossos instintos falam mais
alto e algo adormecido dentro de nós cresce ainda mais.
***
–
Aprenda uma coisa garoto, – disse Raseck olhando-me fixamente. – os demônios só
desejam uma coisa... Liberdade! E por ela estão dispostos a tudo. Eu poderia te
matar agora mesmo, mas não o farei... Por anos tenho feito coisas das quais não
me agrado e por isso agora busco uma redenção talvez, uma absolvição por tudo
que já tive que fazer. Mas ainda me resta uma ultima batalha, afinal estamos
aqui por honra de nosso senhor Jesus cristo e da santa igreja e do santo papa,
e nenhum mal será permitido adentrar os portões da terra, esse é o meu caminho
e minha missão. Amem.
***
Demônios
querem liberdade... As palavras de Raseck nãos saem da minha mente. Elas me
trazem de volta fazendo com que o encantamento de Pymatu não tenha qualquer
efeito sobre mim. Percebo que o demônio fica por alguns instantes perplexo,
olhando-me com certa curiosidade.
–
é fascinante! Exclama sorridente, trazendo de volta sua forma demoníaca.
–
oque é fascinante demônio! Grito em meio à onda de energia e vento.
–
como vocês conseguem evoluir tão bem!
*Wooosh!*
O vento faz com que
algumas pessoas no parque se assustem, outras apenas olham para ambos os lados
tentando entender o que se passa, mas nada resta ali para que eles vejam. Ver é
uma qualidade daqueles que trazem em si o dom da coragem da curiosidade e da
vontade.
– Enelac! Você esta
bem? – a voz de Yrrami soou como um balsamo em meus ouvidos.
– sim estou! Repondo
enquanto me apoio em seu braço.
***
– terá que fazer uma
escolha jovem Enelac. – disse Raseck antes de abrir à porta e me deixar sair.
***
Em
meio aos dois caminhos encontrei uma terceira opção uma que talvez não me
levasse à morte, escolhi o caminho único que me restava com a chance de
salvação. E esse caminho me levou diretamente a ela... Yrrami.
*Toc! Toc! Toc!*
–
Entre Enelac stormy, estávamos esperando você.
Yrrami
tinha um sorriso acolhedor nos olhos, e todos do coven emitiam uma aura de amor
proteção e coragem.
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